Excessivamente bela. Excessiva Liz Taylor. Excessivo Black Pearls sobre praias paradisíacas de águas cálidas e cristalinas, pérolas negras emergindo de conchas nacaradas, amores tórridos de verão...
Cenário para a doce e dramática Elizabeth Taylor e base justa para o aroma que transmuta misteriosas pérolas em flores indecifráveis, cujo exótismo intempestivo e imprevisível encerra na complexa composição a mesma aura marcante que cerca a história da linda musa anglo-americana.
Colecionadora de adereços luxuosos e ricos Liz Taylor demonstrou na perfumaria predileção similar pelas fragrâncias impressivas e ousadas, como em White Diamonds, de características contundentes que o aproximam da linha olfativa intensa e oriental de Opium.
Black Pearls envereda pelo rumo oriental denso e enevoado, mergulhando em doçuras enfumaçadas, especiarias, madeiras e resinas, embora revele faceta melífera que atenua o tempero exacerbado.
Mel doce e quente foi a primeira característica a inebriar meu olfato, assomando com tal intensidade que nas primeiras borrifadas me impediu de sentir outras nuances presentes.
Resinoso néctar, em calda densa espalhada sobre flores temperadas, de intensidade persistente, quase sufocante, até alcançar acomodação olfativa.
Intrigou-me, levando a pensar em profusão de ládano e benjoim apesar de alguns relatos lidos o descreverem perfume delicado, cálido e próximo a pele.
Impossível!
Intenso, manteve na pele a impressão atordoante durante muitas horas, numa fixação invejável.
Contudo não provocou mal estar como muitos aromas de sillage forte costumam fazer; ao contrário, convidou para mais experimentações.
Antecipo várias, provocando impressões diferentes, pois este é um daqueles perfumes mutantes que nos surpreendem revelando segredos em pequenas doses.
O segundo encontro demonstrou início floral embebido em tempero agridoce provavelmente resultado da combinação entre notas frutais, citados pêssegos, melões e cítricos. Entretanto esta composição não justifica o fundo resinoso, algumas vezes levemente metálico ou salgado em atraente amargor acompanhando a evolução prolongada, sentido nas fragrâncias ricas em patchuli e gum resins.
Bouquet voluptuoso sugere rosas, gardênias, jasmim e muitas coadjuvantes florais nesta cena dramática cujo pano de fundo alterna couro natural e toques suaves de látex ou borracha. Mirra e incenso parecem invadir os acentos impedindo definição clara e conclusiva.
Doçura melífera persiste durante toda evolução impregnando notas, dividindo o palco com empoeirado e atraente âmbar, principal tempero de Black Pearls edp, diluida apenas ao se encaminhar para o drydown quando cede espaço para madeiras e dulçor floral.
Acordes finais permitem transparência do ramalhete conseguindo se sobrepor às notas picantes de especiarías enquanto âmbar e almíscar finalizam a composição.
Suntuoso, hipnótico e sensual causa estranheza pela discreta projeção conquistada, de curta existência nas prateleiras das perfumarias, agregado a lista dos bons perfumes descontinuados, apesar da composição exacerbada que nos faz pensar numa gema bruta necessitando eliminar arestas para brilhar em todo esplendor.
Família Olfativa: Floral oriental 1996
Gênero: feminino
Perfumista: Parfums International
Rastro: Intenso
Fixação: Excelente
Pirâmide Olfativa:
- Topo - Bergamota, pêssego, gardênia, especiarias
- Coração - Rosa branca, jasmim, lilás, lótus
- Base - Madeira de sândalo, âmbar, almíscar, baunilha
Armário de Especiarias e Ervas Aromáticas - Jorge de Sousa Braga - O Poeta Nu
Cerofólio, manjerona
malagueta, benjoim
noz moscada, cardamomo
salsa, sândalo,a lecrim
erva doce, piripiri
cravinho, canela em pau
gengibre, menta, tomilho
pimpinela, colorau
zimbr, funcho, açafrão
pregãos,coentros, caril
azedas, louro,estragão
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