Ocasionalmente acontecem dias estranhos, repletos de pormenores inesperados deixando no ar a sensação de universos paralelos.
Estamos no inverno, começo da estação que aqui no Sul do Brasil significa temperaturas baixas, talvez graus negativos, gelo sobre a grama.
Porém esquentou de súbito e o dia despontou radioso, sol logo obscurecido por chuvas torrenciais e gélidas, vendaval de vento e ... noite estrelada, enquanto o Chile arde em erupção vulcânica.
Desnecessário dizer que a temperatura despencou vertiginosamente.
O que bastaria para escrever sobre um aroma doce, poderoso, especiado mui caliente.
Irreal... nada funciona como se quer neste dia/noite fantasmagórico.
Acabei afundando o nariz em Perry Ellis, 360º.
Limpo, floral e de tal forma transparente que visualizei cenas do filme "A Casa do Lago" (The Lake House).
Interessante como as associações acontecem em ritmo vertiginoso.
Lá estavam, na minha mente... o romântico e misterioso arquiteto Alex, a pragmática e cautelosa Kate, encontros e desencontros através do tempo, ancorados na bela casa de vidro, cujas paredes pareciam inseridas na paisagem como gema lapidada refletindo um reino de fantasia.
Lindo pano de fundo, âncora de cenas românticas e contemplativas em dias cinzentos de inverno. Lembro-me do cinza azulado.
360º de Perry Ellis vestiria o clima com adequação, misto de concreto e abstrato.
Fragrância evoluindo sobre flores, raízes e grama envolvidas pelo almíscar rutilante, recém saído dos vidros de laboratório, em notas irreais que nos iludem com o cheirinho de limpeza.
Causou-me a mesma impressão que o filme alternando afetos e desafetos.
Não convence totalmente, contudo quando se pensa em desgostar mostra algum detalhe belo ou instigador ( filme e perfume).
Meiga fantasia renovando a crença de que o amor está imbuído desta força de superação aos obstáculos
.
Início intenso, no limiar do dramático, contraditório entre calor frutal e a distância gélida de lírios cristalizados.
Quase metálico o acento aldeídico deste bouquet.
Doce, cada vez mais doce, suave, aveludado e almiscarado após atravessar o agreste odor de campo e raízes que presumo ser influência de vetiver.
São os percalços que não conseguem abafar o romantismo.
360 é bonito, não estupendo.
Contraditório, no gênero goste hoje, desgoste amanhã, e torne a gostar.
Depende de quão surreal ou banal foi o seu dia.
Família Olfativa: Floral, 1992
Gênero: Feminino
Perfumista: Sophia Grojsman
Rastro: Intenso
Fixação: Muito Boa
Pirâmide Olfativa:
- Topo - Lírio, osmanthus, melão, rosa, tangerina
- Coração - Lavanda, lírio d'água, lírio-do-vale,sálvia-do-jardim
- Base - Madeira de cedro, âmbar,almíscar, baunilha, vetiver
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Arte Irmã: se fosse música ...
VÍDEO: The Lake House ( Somewhere Only We Know)
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