- Menina, não mexa! Você vê com os olhos, não com as mãos.
E dedinhos curiosos se retraiam relutantes, pois os sentidos se completam quando formam esta teia invisível e prazerosa.
Era difícil sentir o convite visual das luminosas peças de veludo sem experimentar a maciez deslizante ou o agradável e adocicado aroma do algodão tratado.
Admirar as formas da estátua de granito e não experimentar o relevo irregular, ou aspirar o leve metálico que exala.
Encantar-se com cores e múltiplas formas numa floricultura ou jardim, contendo a mão que experimentava a delicadeza das pétalas e folhas.
Quando adultos este precioso banco de associações, acumulado pela curiosidade da infância, nos acompanha sem que percebamos, e talvez explique como associei imediatamente She Wood com os bosques canadenses da oceânica Vancouver, apesar de não os conhecer.
Enquanto espalhava a amostra nos braços e digitava no computador assistia distraidamente uma ou outra cena de The Twilight Saga: New Moon.
Água, madeira e violetas! Senti de maneira vívida como se encaixavam com a história.
Este é um rastro que poderia seguir Bella enquanto corre pelos bosques, ou pela beira dos lagos da região montanhosa, imersa em neblina e nas estranhas paixões entre humanos, vampiros e lobos.
Limão picante e doce abre a fragrância, entremeando o odor fresco de talos e folhas, túrgidos, partidos ou pisoteados.
Intenso e natural o aroma nos envolve na sensação gélida e aquosa dos bosques ao amanhecer, cujas frondosas árvores guardam sob a casca óleos aromáticos e vitais.
Violetas etéreas alternam fresca aragem com atrativa doçura de heliotrópio e outras flores delicadas. Âmbar e almíscar complementam esta mistura graciosa de força e bucólica suavidade que caracteriza She Wood.
Aparentemente comum, semelhante a Bella, surpreendente, melancólica e apaixonada jovem da história de Twilighth, Wood revela aos poucos encantos camuflados.
Apimentado quase imperceptível personaliza o bouquet, acento aquático não explícito, somente o que basta, imprime transparência cristalina, baunilha comedida revela adequada associação com a doçura floral; madeiras silenciosas e majestosas se mostram ocasionalmente durante o percurso, em emanações breves e inesperadas, ressurgindo no drydown, consistentes e acolhedoras.
She Wood, cujas violetas brilham na trajetória sobre a pele, deixa um rastro doce, delicado e breve; única dissonância com o belo cenário de Twilight, onde vampiros, humanos e lobisomens se debatem nos dilemas sobre a vida eterna.
Infelizmente esta fragrância bonita perde o vigor e se dissipa com rapidez.
Família Olfativa: Floral amadeirado,2008
Gênero: Feminino (compartilhável)
Perfumista: Daphne Bugey - Firmenich
Rastro: Intenso à moderado
Fixação: Regular
Pirâmide Olfativa:
- Topo - Limão, pétalas de jasmim, neroli bigarade
- Coração - Folhas e flores de violeta, heliotrópio, almíscar
- Base - Vetiver, cedro, âmbar vegetal, baunilha
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Arte Irmã: Poderia ser flor, poderia ser poesia, poderia ser música...
ODE À FLOR AZUL - Pablo Neruda...." ergui-a nas minhas mãos
e olhei-a como se o mar habitasse
numa só gota;
como se na batalha
da terra e das águas
uma flor levantasse
um pequeno estandarte
de fogo azul, de irresistível paz,
de indomável pureza.
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