Chamava-se Paul Poiret.
Contudo, mentes inquietas ultrapassam fronteiras, e o rapazinho utilizando esquecidos retalhos de seda dos guarda-chuvas idealizava peças de roupa para a boneca da irmã.
Adolescente, conseguiu vender seus desenhos para modistas como Madeleine Cheruit, até ser oficialmente contratado, em 1896, por Jacques Doucet.
Começou cedo uma carreira, na qual o primeiro trabalho, uma ousada capa vermelha, vendeu 400 peças.
Worth, a tradicional maison, reconhecendo talento contratou o jovem, que em breve se revelou inadequado para a sóbria e conservadora clientela.
Buscando desafios, atrevido e corajoso, Poiret saiu para a própria aventura, em 1903, levando na bagagem uma inédita capa-quimono, que fora rejeitada pela princesa russa Bariantinsky.
E fez sucesso! Estrondoso!
Subverteu conceitos, trouxe energia e modelagens novas para a moda feminina libertando a mulher do espartilho (corset), renovando panejamento em drapeados, desenhando pantalonas e trabalhando peças retangulares com pródigo talento.
Andou de mãos dadas com o Modernismo sendo considerado o Picasso da moda no século XX, pelas propostas revolucionárias.
Na vida pessoal, menos feliz, terminou de forma tumultuada o casamento com sua musa, a esguia e provinciana Denise Boulet, apesar dos cinco filhos - Rosine, Martine, Colin, Perrine e Gaspard.
Antes disso, determinado a garantir o futuro da prole feminina, fundou um negócio para cada filha.
Martine ganhou École Martine, onde jovens desenvolviam diversas habilidade e destreza nas artes manuais, e em 1911 a filha mais velha Rosine recebeu Les Parfums de Rosine.
Chez Poiret, o primeiro perfume da maison, surgiu em 1912.
Estava escrito o começo de uma história que deveria ser a continuidade da brilhante trajetória.
Contudo, aconteceu a Primeira Grande Guerra Mundial.
Empresas promissoras ou tradicionais ruiram, e assim aconteceu com a casa Poiret, que se debateu entre concorrentes ferozes, maisons florescentes como Chanel, caracterizada pela modelagem simples de fino acabamento, que atendia as exigências da sociedade pós-guerra.
Um triste fim determinou o esquecimento para o gênio de Poiret, lançando ao anonimato sua moda ousada e original.
Faleceu em 1944.
Passado o tempo, nascida em outra família de perfumistas, Marie Hélène Rogeon, bisneta de Luis Panafieu, criador da Eau de Cologne e da pomada para bigodes do Imperador Napoleão III, colocou em bases concretas uma antiga admiração.
Quando frequentava a casa dos seus avós, que trabalharam para o lendário costureiro Paul Poiret, vasculhava o sótão em busca das garrafinhas antigas, rótulos, rendas e fitas, vestígios da fascinante e dourada época de moda e perfumaria.
Após trabalhar 15 anos nas famosas casas Givenchy e Balmain, experiente, consciente dos seus propósitos na renovação dos rumos da perfumaria, optou pelo segmento niche reavivando Les Parfums de Rosine em 1991.
Décadas de esquecimento, para finalmente ressurgirem preciosas fórmulas dos anos 20.
Nascida no seio de perfumistas, habituada ao universo mágico e delicado dos aromas, dos frascos artísticos e delicados, entre perfumes e rosas, sua outra paixão, Marie Hélenè encontrou um caminho.
Perfume de rosa, no caleidoscópio de expressões que permitem sua essência quando conjugada à diferentes aromas, transformando a versátil flor em arma de sedução, feminilidade e doçura, é a peça fundamental desta empresa renovada.
Les Parfums de Rosine explora facetas, busca associações para oferecer expressões que partem da simplicidade pura à mais intensa sofisticação, da transparência ao mistério.
De embalagens originais, muitas idealizadas na École Martine, de fórmulas antigas elaboradas por Henri Alméras, que criou Joy na década de 30, surgiram as bases para os perfumes atuais.
A alquimista Marie Hélène Rogeon e o nose Francois Robert, buscaram em matéria-prima exótica e de qualidade irrepreensível, em misterioso e exclusivo absoluto de rosas búlgaras e turcas, a ponte para transpor um lapso de tempo.
Graciosamente, mesclando romântico passado com ideais perfeccionistas do presente.
Experimentando cada uma das 18 fragrâncias, da coleção de echantillons atualmente vendida ao público, percebo bouquets de rosas, versáteis, saborosos, atemporais e muito apreciáveis.
- La Rose de Rosine - Floral
- La Rose Légere - Floral
- Roseberry - Floral Green
- Rose D'Ete - Floral Fresco
- Eau Fraiche Rose d'Ete - Floral Fresco
- Poussiere de Rose - Floral Amadeirado
- Un Zest de Rose - Floral Rosa Cítrico
- Ecume de Rose - Floral Aquático
- Une Rose Au Bord de la Mer - Floral Aquático
- Rosa Flamenca - Floral Bouquet
- Une Folie de Rose - Chypre
- Rose de Feu - Floral Especiado
- Rose d'Amour - Floral Soft
- Rose D'Homme - Floral Rosa Amadeirado
- Twill rose - Verde Amadeirado
- Daibolo Rose - Floral Fresco
- Zephir de Rose - Floral Aromático
- Rose Kashmire - Oriental Floral
- Rose Praline - Floral Gourmand
- Secrets de Rose - Floral Ambarado
- Rosissimo - Floral Hesperide
Imagens: Desenhos de coleções Paul Poiret 1911-1912; Banner de Les Parfums Rosine /1912; Marie Hélène Rogeon; Maison Les Parfums Rosine; Echantillons Les parfums Rosine
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Que história maravilhosa,Beth.Muitos sonhos foram dizimados nas duas grandes guerras...entretanto pessoas sensiveis têm resgatado alguns para nós como Marie Hélène.Bijocas.
ResponderExcluirOi Yalla.
ResponderExcluirSim, as grandes guerras mundiais foram terríveis para a economia. Nós tão longe sentimos, imagine como afetaram a Europa. E estas perfumarias que tem se renovado são exemplos. Muito lindas com os perfumes depoimentos de outras épocas, cheiros do passado que se modernizam. Adoro isto.Beijocas . Elisabeth