Esta ardência impetuosa e máscula se consome rapidamente como na queima de fogos de artifício enquanto suavidade morna e condimentada se instala.
Apesar de não listado nas pirâmides olfativas atuais Eau Sauvage sinaliza com notas indólicas e florais, percebíveis em algumas composições brancas como as que carregam lírios.
Submersas, estão camufladas no peculiar acorde aromático que provoca sensação veemente de água pura, de banho com infusão de ervas viçosas como manjericão e alecrim.
Chypre floral na estrutura, ao evoluir, o aroma avassalador transmuta para a essência aquosa da Natureza, suavizando no delicioso drydown que evoca a imagem de homem elegante e clean, com os cabelos ainda úmidos depois de revigorante banho.
Recentemente representado pelo ícone Alain Delon, a colônia retorna aos palcos despertando atenção dos que não fazem parte do constante séquito de admiradores. Todavia estes últimos deploram as mudanças de constituintes químicos que estariam empanando o brilho original.
Ainda assim, na falta de conhecimento da antiga fórmula, esta me parece uma fragrância de evidente valor.
Tais comentários se repetem em relação à Eau Sauvage Extreme, cuja estrutura inicial foi recentemente reinterpretada pelo perfumista François Demachy, aparentemente alterando algumas características.
Extreme atualmente guarda semelhanças com o precursor de Edmond Roudnitska, embora a fidelidade não seja plena ou incontestável.
Doçura inesperada corta o apimentado e cítrico inicial, cujo ardor expressa agudeza de patchuli.
Manjericão, hortelã, alfazema, ervas e flores que deveriam trazer uma explosão de frescor estão contidas, obedientes ao bouquet em cujas pétalas se desvenda abaunilhada e intensa doçura.
Exala uma aura quente pesada em contraposição à tepidez branda do antecessor, o que está bem representado no frasco escuro de brilho sutil, trazendo à lembrança o cortante vidro vulcânico denominado obsidiana.
Sutil odor de banho, de águas frescas é perceptível ao fundo, reminiscência de Eau Sauvage original, reforçada nas presença constante das folhas de patchuli, raízes de vetiver e equilibrado acento de musgo.
Contudo a oscilante leveza herbácea e úmida não perdura, nem se destaca de forma proeminente abafada pelas notas doces, ainda picantes, absorvida pela madeira seca, sedenta e enfumaçada.
É belo o cedro e densa a fragrância que o encontrou.
Eau Sauvage passa rapidamente da sillage intensa para suavidade confortável, enquanto Extreme resiste forte e impressivo pelo menos o dobro deste tempo, comportamento similar se repetindo em relação a fixação das fragrâncias.
Caminhos diferentes levam as colônias para personalidades distintas, entretanto escolher Extreme não revela maior profundidade, embora denote um homem que não teme perder o centro das atenções para a fragrância que usa, ou que julguem sua força pelo grau de doçura que o envolve.
A colônia Dior, com aproximados 40 anos de existência, ao ser apresentada para o público constituiu aroma inovador. Extreme, apesar da qualidade e beleza não caracteriza o inesperado.
EAU SAUVAGE
Família Olfativa: Chypre Floral Cítrico, 1966
Gênero: Masculino
Perfumista: Edmond Roudnitska
Designer - frasco: Pierre Camin
Rastro: Intenso à moderado
Fixação: Boa
Notas Olfativas: Bergamota, limão, alfavaca, lírio, jasmim, patchuli, musgo, cedro.
EAU SAUVAGE EXTREME
Família Olfativa: Cítrico Aromático, 1982 - 2009
Gênero: Masculino
Perfumista: Desconhecido - Segunda versão de Francois Demachy
Designer - Frasco: Pierre Camin
Rastro: Intenso
Fixação: Muito Boa
Pirâmide Olfativa I
- Topo - Limão, laranja, alecrim
- Coração - Lavanda, tojo ou ginestra
- Base - Cedro
- Topo - Patchuli, lavanda, alfavaca, limão laranja, notas frutais
- Coração - Aldeídos, alecrim, coentro, madeira de sãndalo, raíz de íris, louro, jasmim
- Base - Âmbar, patchuli, musgo de carvalho, almíscar, cedro
/b>: Fotos e montagens de Elisabeth C; banners publicitários Christian Dior
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