Fiquei órfã do meu parfum signature, Mystere by Rochas, em meados de 1997 quando percebi que não conseguiria encontrar um único frasco nas perfumarias da cidade onde moro.
Ainda tentei o recurso de encomendar através da fronteira Brasil-Argentina, na cidade de Foz do Iguaçu, de onde recebi uma única caixa, empoeirada e amassada.
Não sabia, mas era a última que minha "sacoleira" conseguiria, e naquela época não me habilitava aos segredos do computer para comprar em lojas internacionais.
Voltei-me para Animale e Dune, algumas vezes Crazy, perfumes impressivos, atordoantes e personalíssimos.

Acordes semelhantes existem, com exceção de um, presente da abertura ao drydown, provavelmente seu indecifrável segredo.
Recordo uma viagem às indústrias químicas do circuito Rio São Paulo, especialmente à Givaudan, que na época tinha um acervo maravilhoso, cuja sala era repleta de estantes contendo os mais variados frascos.
Um solícito químico orientava o grupo de estudantes discorrendo sobre as propriedades dos perfumes, suas características e componentes.
Interessada, curiosa assim que vi "meu Mystere" perguntei pela composição.
Consegui um constrangido: - Aaaah ... este é muito complexo.
Obstinada ainda busco. O segredo de Mystere eau de parfum e similares.
De coment a coment cheguei ao masculino Balman que se revelou à quilômetros do perfume Rochas.
Tentei Balmain by Balmain e senti semelhanças que revelam características ligeiramente diferentes quando embebem papel e pele, e resultam em oscilações olfatórias a cada vez que experimento.

No primeiro contato senti o chypre verde, intenso, especiarado cuja força no acento animalic de couro e madeiras chega bem próximo à Mystere.
Analisando com mais vagar, vislumbrei nuances de Animale e St. Dupont Femme.
Estabelecida a confusão olfativa recorri a gotas da preciosa amostra que ainda me resta, de um Mystere das últimas gerações, ligeiramente diferente do original, cedida por querida e generosa amiga.
Não saberia dizer se é eau de toilette, ou uma reedição atenuada, porém o perfume desta fração Rochas, embora mantenha sua essência, perdeu vários quesitos, inclusive a fixação que costumava ser fantástica.
E lá estavam duas fragrâncias sobre a pele, em lados distintos do corpo.
Mystere na pungência resinosa e sensual que impressiona à primeira vista e Balmain na dualidade antagônica de frio e calor. Calda quente sobre sorvete.
Acento cítrico oriundo de frutas ácidas e gálbano, predomina por breve espaço de tempo, sendo invadido pela ardência especiarada e quente das pimentas, condimentos, sementes e madeiras.

Diifere da pelica macia, tratada e aromática, própria dos artefatos e acessórios de luxo, percebida em Mystere. Esta carrega junto gum resins e styrax em combinação exótica que exala toda intensa feminilidade das notas classicamente tidas como másculas.
Neste momento da evolução de ambos sentimos a breve companhia do masculino Kouros - YSL, revelando mais afinidades com o andrógino Balmain.
Início clássico e chypre, abrindo espaço amplo para notas verdes e ligeiramente terrosas recebendo reforço das emanações balsâmicas de patchuli, vetiver e musgo.

Pimentas persistem enquanto os acordes finais se enovelam em almíscar e baunilhas, macios, acariciantes, cercados pelas madeiras lisas e sedosas.
Ainda guarda uma semelhança com Mystere, mas gradativamente se identifica mais com o drydown de Animale.
Névoa de incenso envolve estas combinações emaranhadas de couro, resinas, madeiras, e condimentos, sufocando as flores que não afirmam identidade, entretanto deixam sua presença registrada em do çurasofisticada.

Ajusta-se aos ambientes urbanos e formais, à requintada e sensualíssima elegância das estações frias.

Ficha Técnica
Família Olfativa:Chypre floral, 1998
Gênero: Feminino (compartilhável)
Perfumista: Antoine Maisondieu
Frasco: Xavier Rousseau ( reedição do design de Pierre Balmain)
Rastro: Intenso
Fixação: Ótima
Pirâmide Olfativa:
- Topo: Bergamota, gálbano, pimentas, broto de groselha negra.
- Coração: Jasmim, rosa , íris, violeta.
- Base: Patchuli, oakmoss, madeira de sândalo, vetiver.
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Arte Irmã
Vídeo: Enya - Listen to the Rain
Imagens: Frasco de Balmain by Pierre Balmain por Elisabeth Casagrande; garrafas antigas sobre renda.
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