Asas de andorinha.
Uma das coisas legais de saber mais sobre perfumes é notar que numa prateleira de loja podemos ter amostras vivas de como eram as pessoas de outros tempos. Aromas são criados representando valores de uma época e se não forem modificados nesse meio tempo, chegam a nós falando desse povo e de como eles viam as coisas.
Palavras e nomes nos vêm à mente ao recordar perfumes dos anos 90, 80, 70, 60, 50...
Como eles são diferentes não é ? Que propostas distintas!
Recuando mais chegamos aos anos 30. Achamos Joy, Vol de Nuit, Canoe, Pour Un Homme, Je Reviens, Tabu e outros ainda produzidos.
Destes tenho os três últimos.
Tabu é um aroma familiar e polêmico. Pode-se relembra-lo em qualquer lojinha e desperta tanto aprovação como a mais forte repulsa.
Foi criado em 1932 por Jean Carles, perfumista famoso a ponto de sua criação sexagenária - Ma Griffe de Carven - ser notícia em destaque nas homepage tradicionais. E se abrirmos vários links, nestes sites reconhecidos, lá encontraremos Tabu.
Em sua inevitável simplicidade de perfume a U$ 3,00 as notas soam fortes, lisas sem respingos e borbulhos acessórios.
Cravo-da-Índia e rosa são os personagens de destaque.
O que me impressiona nesta construção é o equilíbrio e a definição de uma mensagem nítida, clara e inconfundível.
Ele me transporta à universos confortáveis, de texturas orientais, à cores quentes, à mistérios agradáveis.
E, como se não bastasse, depois de algum tempo, evolui e desemboca num final ambarado inesperadamente bom.
Sim, mestre Carles, linda esta andorinha da sua criação. Ela vai num grande volume de produtos, de desodorantes a talcos, entra nas casas humildes e faz a alegria de quem não se pode dar ao luxo de coisas caras, como nós.
- Vai andorinha, vai!
E que seu voo de 70 anos continue por muito mais tempo mostrando que também as andorinhas, com suas pequenas asinhas, cruzam oceanos.
Bonum Diffusivum sui - ARETÊ

Família Olfativa: Oriental floral, 1932
Perfumista: Jean Carles
Gênero: Feminino- compartilhável
Rastro: Intenso
Fixação: Muito boa
Pirâmide Olfativa:
- Topo - Bergamota, coentro, neroli, laranja, especiarias.
- Coração - Jasmim, rosa, cravo-cravo-da-Índia, narciso, ylang ylang
- Base - Ambar, benjoim, cedro, civeta, musgo, patchuli, vetiver, sândalo.
** Comenta-se a boca pequena que esta era uma das fragrâncias preferidas da famosa atriz Ava Gardner

Conta-se que nos anos 30, a maison espanhola Dana encomendou à Jean Carles um perfume que tivesse a aura das prostitutas e foi idealizado Tabu.
Arte Irmã: Poderia ser música como Indian Love Call ( original de 1937 com Jeanette Mac Donald e Nelson Eddy) Segunda versão em 1959 com Jim Ed Brown.
Imagens: Tabu frasco em foto de Elisabeth Casagrande; Parfums Dana - publicidade 1947, 1953,1956; Jean Carles parfumeur.
Aretê meu querido amigo. Você espressou em palavras muitos sentimentos... em relação a história da perfumaria e dos perfumes enquanto expressão de um momento da nossa sociedade. Belas palavras. beijocas. Betty
ResponderExcluirLindo! Nunca tinha tido um olhar carinhoso para este perfume. Na minha adolescencia brincávamos quando alguem nao cheirava bem, estava usando TABU...talvez, por sua simplicidade e facil acesso. Sua palavras me fizeram pensar nele com carinho, ele realmente fez e faz muita gente feliz! Parabéns Arete! bjus.
ResponderExcluirNão é sem razão que amo este site,sim quando era criança se queríamos falar de perfume exagerado ai falavamos do tabu,nossa!! realmente a diversidade deve ser apreciada sempre,em todos os aspectos da nossa vida,pois nem todos tem as pessoas tem as mesmas oportunidades e gostos que a gente.adorei a resenha.
ResponderExcluirOi Luiza. Através da resenha também reanimei lembranças. É um dos fascínios da perfumaria.beijocas de Elisabeth
ExcluirSim sim. Eu certamente (de origem modesta)quando criança não tive acesso aos maravilhosos importados da forma que hoje é possível.
ResponderExcluirOutros tempos. Sem internet, sem facilidades de encomendas virtuais, até de flaconetes ou "samples"... mais ao alcance do nosso bolso.
Mas, era fascinada pelos aromas desde pequena e também lembro bem de Tabu. Entre outros, como Maderas de Oriente,Alma das Flores,perfumes Coty, Alfazema ...
Boas lembranças. Boa infância.
Só me frustrava quando cozinhava flores nas panelinhas de brinquedo e o cheiro não ficava bom... he he he. Beijocas de Elisabeth
Ontem, dias das mães, agradei minha mãe(76 anos) dando à ela um TABU de presente. Dentre os vários presente que ela ganhou( e foram vários),o que mais gostou, segundo ela, foi o perfume.
ResponderExcluirCleide que bom! Se tem coisa que gosto é de ganhar perfumes. A sua mãe foi bem presenteada! Beijocas de Elisabeth
ExcluirTAbu é o ancestral do Opium e as senhorinhas mais antigas amam pois foi extremamente popular e apreciado durante décadas. tem uma excelente relação custo benefício. Parabéns pelo dia das mães!beijocas de Elisabeth
ResponderExcluirBelo texto, parabéns!
ResponderExcluirDo Aretê . Todos uma delícia. Ele é meu herói literário. E um nariz e tanto! Beijocas de Elisabeth
ExcluirACREDITO QUE NÃO HÁ ÉPOCAS PARA O QUE É BOM E OS PERFUMES TABU DANA NA MINHA OPINIÃO SÃO MARAVILHOSOS. PARABÉNS AO FABRICANTE!
ResponderExcluirConcordo amigo e no caso de Tabu...ainda fabricado depois de décadas e décadas! Um sobrevivente. Beijocas de Elisabeth
ExcluirLinda resenha! Tenho enorme curiosidade pelo Tabu antigo, da década de 60, quando minha mãe conta que a Rua Direita, aqui em SP aos sábados, era passeio popular e cheirava a Tabu. Dizia ela que era terrível tal cheiro, mas duvido que Jean Carles tenha produzido algo assim tão ruim. Tabu, vc me desperta tanto fascínio, mesmo sem te conhecer...
ResponderExcluirOi Diana. Certamente! Háháhá. Tabu é um ícone popular.
ResponderExcluirMinhas lembranças de infância são claras o suficiente para compreender que era muuuito intenso. Afinal ele é meio aparentado com Opium by YSL.
imagino uma rua com várias pessoas usando e abusando do mesmo perfume. Deveria ser sufocante...háháhá.
Acho tudo uma delícia!
Beijocas de Elisabeth
Elisabeth,consegui pelo Ebay um Tabu da década de 60! Outra realidade! Em breve falo sobre ele...
ResponderExcluirOi Diana. Que ótimo. Imagino que a composição seja mais rica que a atual. Não existiam tantas proibições relativas a matéria prima e as notas animálicas eram de origem animal. Hoje a civeta é totalmente laboratorial, artificial, e existe o problema com o musgo-de-carvalho... sou muito favorável a esta substituição. O Gato da Algália era praticamente torturado para extração das secreções glandulares. Contudo os perfumes antigos perderam muito da sua riqueza e densidade.O laboratório não consegue reproduzir todos os componentes de um aroma natural.Nem a interação entre as partes. Estou aguardando o que vc contará. Beijocas .
ResponderExcluirEstou achando o Tabu atualmente sem projeção e sem durabilidade no corpo. Eles poderiam aumentar o preço e fabricar o tabu de antigamente. Parece que eles estão mais interessados em fabriar o henê.
ResponderExcluirOi Ilka. infelizmente isto tem acontecido com vários clássicos da perfumaria. Nas reformulações para atender as novas demandas de mercado e as restrições legais sob re matéria prima muitos perderam o "sabor", o diferencial. Sniff...Beijocas de Elisabeth
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